My music...

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sábado, março 31, 2012

LIVRO




folheio um livro na sede de leituras soltas
e sonho nas páginas do teu corpo mel
onde pontuei tantos parágrafos continuados
em traços de flores labiais carentes do teu cair
nas razões inquietas de mares nunca iguais
no desassossego paz sem capa ou índice
nos poemas mudos de prazer sem medos
nos delírios do teu abraçar verbo
nos olhos sem rima em sorriso doce
nos brotares das raízes interiores gritados
nos substantivos febris de estórias mãos
…o livro esgotou
e a cor do céu tingiu-se de chuva carpida
no apagar da tinta azul permanente
no esboço indefeso de palavras quebradas
…abro um livro para ler em sabores unos
e não consigo passar do capítulo
de uma noite que nunca foi




in MOMENTOS - José Luís Outono - 2012 - ( a publicar )

quarta-feira, março 28, 2012

NA PRESSA DO VIVER...





Num mundo de pressas, aquele simples grão de areia, tinha corrido mundo entre oceanos bravos e sóis escaldantes...entre "mares chão" e "espelhos prata" de rios afluentes.

Nunca tinha regateado um estatuto, ou até um simples lugar para estacionar no final da viagem. Perdido no meio de outros grãos, sentia-se um pouco à sorte de um estar sem estar...

Na última maré...um vento mais forte segredou-lhe empurrões e, encontrou uma sombra amiga. A mão desco...nhecida, acariciou-o lentamente, até ao jogo final de o devolver ao mar...

Tinha descoberto a palavra saudade. Saudade de um local algures entre o amor e o perder. Essa fronteira do nada, onde um pequeno grão de areia... faz a diferença do momento... do mundo... da vida...

Nota: pequena reflexão escrita no meio de grãos de areia, onde esculpi com o indicador a palavra - MAR. Estado líquido imenso, estado simbólico presente, versão incompleta de um léxico solto, verbo livre ... por vezes salgado.




in MOMENTOS - José Luís Outono - 2010 (a publicar)